Sobre a chamada

Entre o que vivemos e o futuro incerto, o mundo se separa. O que fica entre nós é a noite. Em corda bamba, sob uma linha tênue, caminhamos. Não vemos sequer o seu findar, apenas os abismos que nos cercam. Se enxergamos o fim por outro, aceitamos nossa condição. O dia de amanhã nunca foi tão pouco tangível ou concreto. Entre conformismo e esperança, o que resta é a incerteza quanto ao nosso rumo. Se nem Leonilson conseguiu mudar o mundo, e nós, o que faremos? Apesar de uma noite silenciosa e vazia, os ruídos pelas margens permanecem. O futuro, mesmo distante, se escreve. O que emerge? Nós conseguimos nos ouvir? O que nossos olhos desejam ver? Aprendemos alguma coisa? Quando voltaremos às ruas? Como construiremos o futuro? Nunca existir e resistir foi tão essencial. As respostas e soluções que tínhamos se provaram ineficientes e nossos problemas foram escancarados aos nossos olhos. Entre um sol que nasce quadrado e a paisagem que se estende pelas nossas janelas, resta-nos as perguntas. Ao contrário do que Drummond diria, essa rosa não é definitiva. Ainda que tarde, em meio à bruma, o que nos impede de ver o começo? O que se esconde do outro lado? Iremos com os olhos vendados, numa escuridão que nos acanha?

Diante de um contexto de pandemia, onde não temos certeza do fim, aguardamos o retorno da normalidade. Um futuro que se diz próximo, mas que quando parece estar por vir se afasta novamente. A mostra virtual "Entre Lobo e Cão" chama artistas para pensarem e discutirem o que será daqui para frente, e sobretudo como imaginamos esse lugar invisível a nós. O que vamos abandonar e o que vamos deixar como legado? Como vislumbramos nossas pautas e nossas lutas em um cenário pós pandêmico? Que lugar é esse que se desmancha para um outro tomar forma? Nesta bifurcação temos o caminho do mundo como era antes e o caminho não imaginado, que a cada passo vemos construir diante de nós.


Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora